Um Colega de Matemática da Universidade de Coimbra, que eu não conheço, alertou-me para uma situação bizarra que foi ontem noticiada pelo jornal Público, vide link aqui https://www.publico.pt/2021/03/12/p3/noticia/balada-despedida-insustentabilidade-carreiras-cientificas-portugal-1953907
Não conheço a jovem investigadora em causa, mas acho que o país devia ter muito orgulho em que ela esteja desempregada porque só um país, capaz de produzir investigadores fenomenais com tanta abundância pode conseguir explicar que ela só está desempregada porque todos os outros da sua área que estão empregados (postdocs, investigadores séniores e Professores-Auxiliares, Associados e Catedráticos) deverão ser todos eles sem excepção cientificamente muitíssimo melhores do que ela.
Infelizmente a realidade é muito diferente dessa, já que uma análise ao último estudo biliométrico realizado em Portugal para a sua área cientifica mostra que em média cada investigador ETI produz 2 publicações indexadas por ano e recebe em média a cada ano apenas 13 citações na base Scopus, valores esses que estão muitíssimo abaixo daquilo que são as métricas da referida investigadora.
Sobra assim que o caso dela é apenas mais um daqueles que o catedrático jubilado do IST Jorge Calado classificou como constituindo a regra de bronze da academia Portuguesa, nunca se contrata alguém que possa ainda que remotamente ir fazer sombra aos que já lá estão. É também evidente que esta investigadora é mais uma daquelas a quem a FCT também deve um pedido de desculpas pelo facto de ter preferido gastar dinheiro a avaliar misérias em vez de o utilizar a contratar investigadores https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/a-fundacao-para-ciencia-e-tecnologia.html
E iguais culpas devem ser assacadas ao Ministro Heitor que ao invés de gastar dinheiro a contratar investigadores prefere antes ir entregá-lo de mão beijada a Universidades dos EUA, indirectamente assim também contribuindo para empobrecer o nosso país. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/03/tres-singelas-perguntas-ao-ministro.html
Note-se que o tal estudo bibliométrico, que foi mencionado acima, nem sequer incluiu a produção nula ou quase nula dos professores que não estavam ligados a uma unidade de investigação, pois se isso tivesse acontecido os valores seriam muito mais baixos, para todas as áreas científicas.
E note-se que nem sequer me pronuncio sobre a ultrajante parte do artigo do jornal Público onde se pode ler a pérola: "Foi-me indicado que deveria pedir a minha saída da equipa dos projectos e entregá-los a outros investigadores"
PS - A investigadora em causa vai agora contribuir para a riqueza de outro país europeu exactamente como já tinha sucedido com muitos outros, cujo exemplo mais paradigmático é o do investigador Miguel Bastos Araújo, vencedor do prémio Pessoa em 2018 https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/premio-nobel-excluido-de-concurso-para.html